Colunista no site Minha Vida

Reportagens - leia minhas colaborações em entrevistas à jornais e revistas.

Nutriente X alimento



Essa semana começou com mais uma polêmica nutricional. Uma das mais renomadas e reconhecidas revistas científicas o “The lancet” publicou um artigo onde os autores acompanharam 15.428 pessoas por 25 anos e compararam a quantidade de carboidrato consumida na alimentação com o risco de morte. Os autores correlacionaram o baixo e o muito alto consumo do nutriente com maiores chances de morte.

Entre os profissionais o desenho do estudo vem sendo motivo de discussão, pois ele mostra correlação, ou seja, as duas coisas acontecem com a mesma pessoa, mas não necessariamente significa que uma causou a outra (o que é conhecido relação de causa e feito).

Discussões a parte, fiquei pensando se para a grande maioria da nossa população faz algum sentido falar em 40% (consumo considerado baixo no estudo), 70% (considerado alto) ou 50 – 55% de consumo de carboidrato (ponto considerado de menor risco no estudo)...

Você que não é nutricionista sabe o que é um carboidrato?
Sabe o que significa no seu prato x% de carboidrato?

Tentarei discorrer alguns pontos a respeito.

TODOS os alimentos oferecem diversos tipos de nutrientes. Porém, há algum tempo, eles foram divididos de acordo com a classificação de “alimentos fonte”, o que significa que o alimento tem em maior quantidade determinado nutriente do que outros.

Os alimentos que ficaram no grupo do carboidrato foram: pães, macarrão, mandioca, batata, mandioquinha, cará, inhame, farinhas.

O pão francês, por exemplo: oferece 4 gramas de proteína, 1,5 gramas de gordura, 1,2 gramas de fibras e 29 gramas de carboidrato.

Acho que o ponto 1 (um alimento é fonte de um nutriente, mas não é só 1 nutriente), fica esclarecido aqui.

Agora, descobrir quanto isso significa em porcentagem no seu consumo diário de calorias é algo bastante complexo, porque requer:

- Saber qual é a sua recomendação diária de calorias (o que tem a ver com sua rotina, composição corporal e inclusive com seus objetivos: manutenção, ganho ou perda de peso);
- Multiplicar as gramas de carboidratos pelas calorias que ele fornece;
- Calcular a porcentagem de calorias vindas dos carboidratos diante da sua recomendação de calorias totais do dia.

Isso para o pão francês. Para descobrir a porcentagem de carboidrato que você consome no dia, seria necessário fazer essa operação para cada alimento que você ingerir.

Diante de tamanha complexidade, falar em consumir 50 à 55% do seu dia em carboidratos esclarece alguma coisa?
Será que isso te ajuda a entender o que é uma alimentação mais saudável?

Por isso procuro tratar aqui muito mais de alimentos do que de nutrientes (que são pequenas partes do que há dentro dos alimentos).

Muito mais fácil é dizer que consumir refrigerante e sobremesa em todas as suas refeições não é saudável, assim como não é legal deixar de comer arroz, macarrão, batata ou mandioca em seu almoço.

Fica um pouco mais claro assim?

Diante disso você pode dizer: “Ah Inty mas isso eu já sabia! “
E eu te respondo: “Pois é!”



Perder peso não é a única solução em saúde



Trabalho ajudando pessoas nos cuidados com a saúde. Serei repetitiva, mas preciso lembrar que saúde é “um estado de bem estar social, emocional e físico” (Organização Mundial da Saúde).
Infelizmente hoje esse conceito está sendo confundido com corpo magro.
Essa deturpação de que magreza é saúde está fazendo com que as pessoas entre em desespero e topem todo o tipo de loucura em nome de conseguir o tal “corpo magro”, mesmo que ele não caiba em sua genética.
O que tem contribuído para o aumento dessa angústia coletiva, é que a associação não está apenas nas revistas ou mídias sociais, e sim em todos os lugares, inclusive, dentro dos consultórios de profissionais que deveriam incentivar saúde.
Não estou querendo dizer, de forma alguma, que a perda de peso não contribui para a melhora da saúde, é claro que existem problemas específicos onde ela pode ser benéfica, mas mesmo nestes casos, não deve ser feita a toque de caixa, às custas de interferir e prejudicar a saúde.
Explico. Uma pessoa hipertensa é uma das que se beneficia com a perda de peso. Cientificamente há muitos estudos mostrando que a perda de peso calobora para diminuição dos níveis de pressão arterial. Porém, será que se essa pessoa portadora de hipertensão perder peso através de uma dieta restritiva, mas incluir ou mantiver um alto consumo de sal ou sódio (nas poucas comida que ingerir), continuar sedentário e/ou ficar estressado porque não pode comer nada do que gosta, tão pouco participar de eventos sociais porque a dieta não permite, terá benefícios com essa perda de peso?
O que quero dizer com isso é que a perda de peso, por si só, pode não trazer benefícios à saúde, mas muitas vezes pode prejudica-la, se for feita por meios inadequados. Por isso, defendo modificação de comportamentos, com a inclusão dos que promovem saúde, o que poderá trazer ou não perda de peso, mas com certeza tornará melhor a saúde emocional, social e física, de meu paciente.

Você conhece profissionais que atuam com essa mesma linha de pensamento? Indique ele para outras pessoas, preencha o formulário "Eu Indico"!

Estar em dieta ou cometer exageros, existe alternativa?





Dá para viver sem dieta e não comer tudo que se encontra pela frente?

Uma nutricionista que não prescreve dieta orienta o que?

Veja no vídeo!"